5 de mai. de 2016

INTER RELAÇÕES, collages
TALITA BAZZO RAUBER


























Inter-Ft. Talita Rauber. 2015.

A série “Inter: relações” é um tríptico de collages, colagens surrealistas. O título refere-se às relações entre as figuras, ou fragmentos, que as compõem. Em cada uma delas há um tipo diferente de relações subjetivas.
A primeira, “Inter-Ft.”, é uma collage arquitetônica, cada fragmento de uma imagem de arquitetura interfere arquitetonicamente em uma outra. E “Ft.” pois ela origina-se inicialmente como uma collage de Fernando Fuão, e eu dou continuidade a ela, sendo assim “Ft” um jogo de palavras com “featuring”, e F(Fuão) e t(Talita).
A segunda, “Inter-Pombos”, tem esse título pois há pombos em dois recortes, dois fragmentos, que se encontram arquitetonicamente, assim há a lúdica impressão de que os pombos podem voar entre um e outro fragmento dentro da mesma collage.
A terceira, “Inter-Voyeurs”, além de ter a maior interferência arquitetônica das três, também tem a sua relação na utilização de dois fragmentos com figuras humanas, ambas de costas, em encontros com outros fragmentos que sugerem sua admiração pela arte visual e arquitetônica, visto que a figura feminina com pincel na mão encontra-se com um fragmento da imagem de pintura em tela, e o homem após a porta encontra-se com um fragmento da imagem de abóbada de alguma construção. O voyeurismo é o sentimento de prazer em observar alguém em seu momento íntimo sem ser visto, portanto, a relação entre o título e a collage é que nós, observadores, espiamos imagens de uma mulher e um homem em seu momento de admiração ou fazer artístico, os quais estão de costas, e não nos veem, mas parecem ser fotografados pelo nosso olhar; mas, ao mesmo tempo, eles podem sentir prazer com o que espiam também, como se admirassem o resultado de um momento íntimo, de uma criação.

A collage surrealista foi estudada pelo professor Fernando Fuão em seu doutorado, e desses estudos surgiu o livro Collage como Trajetória Amorosa, no qual ele cria uma teoria da criação da collage e a classifica em processos: “recorte”, “encontros” e “cola”. Este livro tem-me servido de base para as criações das minhas collages desde 2013. Eu as considero como sonhos meus, devido sua proximidade ao processo onírico, pois as imagens dos livros ou revistas “me captam” quase que inconscientemente durante o meu “olhar selvagem”, e depois esses fragmentos pedem para ser encontrados, quase sempre contendo um quê de semelhança ou aversão nesses encontros, até mesmo “encontros ao acaso”, e estes são como relações em um sonho, que possuem outros significados além do que mostram, não são objetivas, são subjetivas e visuais.


Inter-Pombos. Talita Rauber. 2015.



Inter-Voyeurs. Talita Rauber. 2015.

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