26 de set. de 2009





















Canyons. fernando fuão. 2007
A COLA II. Fernando Fuão

A cola possui muitas propriedades. Ela incrusta e fixa uma superfície sobre a outra, disfarça, une.
Oculta o que foi brutalmente separado pelo corte.
Enxerta.
Entretanto, o fundamento da collage não reside na cola. O colar, grudar não constitui a etapa mais significativa do procedimento. Inclusive podemos afirmar sem receio que: existe collage sem cola.
A célebre frase de Max Ernst define bem o pegajoso da questão: “Se as plumas fazem a plumagem, a cola não faz a collage.”
Certamente, não é a cola, o grude, a reunião de coisas coladas que faz a collage, e, sim, o encontro das figuras que desfilam, esperam e buscam abrigo nas demais.
Por exemplo, nas fotomontagens realizadas em laboratórios, não existe realmente o uso da cola. Há somente, a sobreimpressão de duas ou mais imagens que se justapõem e/ou se fundem uma na outra. O que fixa, realmente, são os fixadores. Uma química providencial, que engana os olhos com seus líquidos que ‘re-velam’ e sincronizam imagens.
Cola que não cola.
Precipita-se.
Em síntese, é no encontro que se elabora o grude.
A função da cola é mesmo conectar: unir.
Permitir a passagem de objetos, seres de um lugar para outro.
Transitar. Transportar.


















Bajo fondo. Mauricio Planel. collage 2008


























A invasão dos marcianos Athos Bulcão. 1952


















O Abismo. Athos Bulcão. 1953