18 de mai. de 2009

NELSON DE PAULA. collagens epidérmicas
Fernando Freitas Fuão

O trabalho de Nelson de Paula escapa um pouco às formas compositivas do resto do pessoal do Grupo Surrealista de são Paulo, que gira em torno de SergioLima.
O trabalho do Nelson não exclui a temática do corpo feminino como objeto de representação.
O trabalho de Nelson de Paula, se pode ver sobre várias óticas. Uma delas é a questão da própria representatividade sobre o suporte. Nelson acredita, como já expôs em seus escritos, que as superfícies são peles. As fotografias são peles e o grafismo que trabalha em cima das imagens se constitui quase como uma tatuagem. Ele explica mais ou menos assim, que a fotografia, ou o papel da revista para que se possa trabalhar tem que ser perfurado, arranhado, para que a tinta possa ser penetrada, mas não em excesso que venha a borrar. Tal qual um trabalho de tatuagem.
Nelson explora este grafismo como se fosse algo análogo também ao grafismo das veias da madeira, que gravam o registro de uma vivência. E algumas de suas collages, e o grafismo feito em cima das imagens utilizadas, que ele borra propositalmente, se parecem aos veios de madeira.
Ele sempre chama a atençaõ em seu trabalho para a questão da superficialidade do papel, da pele. E, para expressar essa idéia, procura apagar a leitura da tridimensionalidade, mediante a utilização de manchas escuras, manchas claras, ou simplesmente texturas feitas com canetas nanquim. Coloca as imagens num mesmo plano: achatamento.
Nelson coloca em seu trabalho, especialmente na exposição realizada em (...), a questão do original e da cópia. Quero dizer, por exemplo, que neste conjunto, os originais que criaram as reproduçõs em P&B foram ampliando no sentido de reprodução de uma nova obra, onde o original deixa de fazer sentido. Em outras palavras, “um original se transforma em mil originais”.
Muito do trabalho do Nelson se relaciona com a poesia, assim como o do Floriano e o do Sérgio. Ao se ler os escritos de Nelson compreende-se a relação direta com sua obra plástica. A linguagem utilizada por ele tem parentesco com a da história em quadrinhos e os aspectos da linguagem publicitária de algumas delas o tema do grafismo é obcessivo.

Um comentário:

  1. Adorei a matéria! É exatamente o que penso a respeito. Vc. realtou com precisão o imporante conceito de achatamento.

    Nelson de Paula
    http:// sites.uol.kundada.com.br

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